segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Abrir os olhos pode ser a coisa mais dolorosa que você já teve que fazer

Escrevi esse post em 2015, enquanto ainda era vegana; hoje não sou mais, como contei aqui. Deixo o post em sua forma original, sendo que o P.S. lá no fim escrevi agora, no fim de 2016.
Oi!
Hoje eu queria apresentar melhor um assunto que eu nem conhecia há um ano, e que se transformou na minha ótica de saúde e de alimentação, porque cada vez mais vejo a relação determinante entre as duas.
A primeira necessidade nesse aprendizado, como em todos os aprendizados libertadores: é essencial se desapegar do senso comum. Essencial se desapegar do "ah mas isso é vendido como saudável na propaganda da tv", essencial se abrir para o novo e estar alerta para enxergar com cautela o que a mídia, os estudos científicos, o senso comum escolar e universitário repassam de informação, pois existem motivos diversos pelos quais essa informação pode estar equivocada. É preciso aprender a desaprender para reaprender (li essa frase incrível numa camiseta-recompensa por ser sócio do Recorrente, uma iniciativa brilhante)! E principalmente exercitar o seja seu próprio laboratório no que for importante para a sua saúde. Teste! Não tenha medo, preguiça, resistência a mudar um hábito alimentar por algumas semanas e ver o que acontece :)
Digo isso porque, à medida que vamos nos apropriando das informações importantes para a nossa alimentação e saúde, à medida que deixamos de terceirizar para o rótulo no supermercado o veredito sobre o quão saudável é aquele produto, a gente vai se familiarizando com a dura realidade a respeito dos interesses escusos que muitas vezes movimentam a ciência, a mídia, a política de governo para a educação do povo, e a gente entende que precisa questionar TUDO.
Os governos, será que eles querem uma população lúcida e atuante, ou pessoas presas no ópio de todos os tóxicos e da tv, versão moderna do pão e circo? Por que será que nas escolas ninguém aprende sustentabilidade de verdade, ou como funciona o INSS e o judiciário e o processo legislativo e como estudar, como ter discernimento em relação à informação que nos chega? Nos dão informações prontas para serem acreditadas, não questionadas. Nos fazem acreditar que sempre foi assim, 10% mais ricos têm mais dinheiro que os 80% mais pobres e o que dá pra fazer é com esforço passar do lado pobre pro lado rico, porque assim sempre será. Nos fazem acreditar nisso através do panorama muito complexo: as mazelas sociais e deturpações econômicas não têm culpados facilmente identificáveis, tudo é muito maior do que nós e que a nossa capacidade de fazer diferente, aí pra não se amargurar a gente esquece de tudo isso e vai pra festa tomar todas e ficar muito louco, ou vai fazer um brigadeiro e assistir um filme com uma história de final feliz. :-(
Matrix, a analogia perfeita. E isso não é uma indireta pra alguns, porque serve ou já serviu pra TODO mundo!
Em relação à saúde, a indústria farmacêutica é isso: uma indústria, que precisa de clientes, de preferência permanentes. Promover saúde dá bem menos dinheiro que combater doença. Promover saúde com alimento barato então, vish. Se o interesse da indústria é proteger seu lucro, aquele nível de investimento que eles colocam na pesquisa, será que vai ser no sentido de encontrar formas de não ficar doente? Sabe a diferença entre o dinheiro injetado na pesquisa pelas empresas com interesse financeiro em comparação com o dinheiro disponibilizado para pesquisas isentas, por outras entidades e universidades? É uma batalha inglória. 
Algum lugar dentro de todos nós sabe que correr pra churrascada e cervejada e sobremesa açucarada, dormir pesado e acordar embotado não é o caminho, e ainda assim é o que as pessoas consideram diversão e confraternização hoje. A gente vai deixando de lado essa voz que nos diz que isso não é jeito de se viver, porque todo mundo faz, porque mudar é difícil, porque todo mundo tem que morrer um dia, porque a vida já é tão dura que a gente precisa extravasar, e assim vai.
E, mesmo assim, as informações do bem, do interesse real na saúde, estão se espalhando, na minha opinião muito porque a internet minou o monopólio da mídia tradicional. Quem tem interesse em comum, por mais contrário que seja ao interesse do grande capital, agora se encontra muito mais fácil via virtual. E assim a disseminação de saberes não fica sequestrada pelos meios oficiais, e o que interessa e funciona para as pessoas acaba criando volume, chegando a cada vez mais pessoas, até nós aqui, conversando sobre todas essas coisas agora. 
Por isso eu digo: abra-se para o novo, para o diferente! É a nossa saúde que está nesse jogo! Não precisa virar um cético pessimista desconfiado de tudo. Simplesmente ative o seu lado crítico: quem disponibilizou essa informação? A que interesse econômico esse alguém atende? Será que um dia esse alguém, ainda que bem intencionado, questionou o que aprendeu na faculdade, foi atrás de outras possibilidades ou tá fechado no quadradinho? E não seja um extremista também, aquele que pensa que, se fulano diz que tem por missão ajudar as pessoas e cobra pela consultoria alimentar, então ele só quer ganhar dinheiro e não dá pra dar crédito para o que ele tá dizendo. As pessoas precisam sobreviver e querem trabalhar com o que amam. Se amam alimentação crua, sentem no corpo os benefícios que ela traz, querem ensinar para cada vez mais pessoas e as pessoas estão atrás desse aprendizado, é justo que essa seja sua fonte de renda. Isso não invalida sua mensagem. 
A maioria das pessoas se vê na necessidade de buscar novos caminhos poque os caminhos tradicionais falharam miseravelmente, e elas estão com doenças crônicas, doenças agudas, doenças psiquiátricas. Ou pelo menos, como era o meu caso, vivem de dieta e sem energia, com problemas digestivos, problemas de pele, todos precursores daqueles primeiros mais graves. É fato que a nossa sociedade é doente hoje: a economia com o paradigma furado da necessidade de crescimento infinito, tanto avanço científico, e as pessoas vivendo pra ganhar dinheiro, descontando estresse no consumo, pagando o tarja preta na farmácia. Cadê a felicidade advinda de toda essa suposta evolução? Cadê a saúde, a graça na vida, a força interior das pessoas, os vínculos reais? Por que tantas bengalas-vícios em que a gente tem que se apoiar? 
Por tudo isso a importância de se reconhecer que do jeito que vai não dá mais, de se libertar dos preconceitos, de aceitar que aquele shake incrível com uma lista de 50 ingredientes - 80% deles químicos - pode não ser o melhor pra sua saúde mesmo te fazendo emagrecer, aceitar trocar o café-com-leite-que-eu-tomo-desde-criança-de-manhã por alguma outra coisa melhor pra saúde ainda que o paladar resista, se libertar das suas próprias amarras do hábito, se apropriar desses aprendizados, testar o que fizer sentido pra vc a partir das suas próprias pesquisas. Me parece que a escolha é 1) se dar conta de tudo isso e mudar antes da doença, ou 2) ser forçado a mudar pela doença. Eu espero, de coração, que as pessoas acordem para a primeira opção o tanto quanto possível. E o que eu posso fazer para isso é compartilhar ao máximo os saberes das pessoas que fizeram diferença pra mim, que me ajudaram nesse processo de romper minhas barreiras, e compartilhar minhas próprias experiências nesse processo. É o que eu tenho tentado fazer, com muito carinho!
Como a conversa já está muito comprida, fica por hoje só um resumo do caminho que estou buscando e no qual acredito hoje: o alimento sendo remédio, e remédio sendo alimento, na sabedoria sempre atual de Hipócrates. Alimento promotor de saúde é de origem vegetal, cru ou germinado, orgânico, não industrializado, alcalinizante, cheio de energia vital, com enzimas ativas e colaborando na digestibilidade, não demandando energia excessiva do corpo para sua metabolização. Claro que esse é um ideal que dificilmente é atingido do jeito que a vida funciona hoje, nosso país imerso em agrotóxicos, cultura do senso comum tão diferente disso, opções raras de comer na rua. Mas ideais são necessários para nortear nossas escolhas!
Tem um vídeo de 7 minutos, chegado a mim via facebook, do Dr. Leonard Coldwell, que foi meu primeiro contato com a dieta vegana crudívora como maior promotora de alcalinização e prevenção ao câncer, há exatamente um ano. Eu ainda comia carne, era muito viciada em laticínios e açúcar e refrigerante zero e sofria de todo tipo de desconforto gastrointestinal possível. Ainda tenho muito a fazer pra me melhorar, mas quando olho pra trás não acredito em como eu vivia há um ano. Hoje, vegana e mais de metade da alimentação crua ou viva, açúcar muito eventualmente, industrializados próximos de zero, frequentadora assídua de feira orgânica, nada de refri nem bebida alcoólica... a gratidão é imensa por ter encontrado os caminhos, e o esforço pra me melhorar foi incomensurável! Eu sempre me considerei uma pessoa aberta para pensar diferente, e mesmo assim implementar uma mudança não é algo automático a partir da nova informação recebida. Normalmente a gente tem um tempo de metabolização daquela informação, de reflexão sobre os nossos hábitos, de sentir o desconforto dos hábitos antigos agora sabendo que existe um caminho melhor, aí a consciência começa a doer por saber o caminho e não seguir, aí a gente vai se preparando aqui e ali pra mudança, e aí a gente muda. Tem muita energia envolvida sim. Mas investimentos de tempo e energia em saúde fazem sentido, não fazem?
"Para ser livre, tem-se de começar pela preciosa coragem de ser diferente." Professor Hermógenes
Hipócrates, considerado o pai da Medicina, um completo visionário para o seu tempo lá em 500AC, inaugurou o entendimento de que o alimento fosse o remédio das pessoas. Ele tinha uma visão global de saúde mental, emocional e física, e nesses termos elava filosofia e medicina de forma pioneira. Sua visão era tão revolucionária que sua escola não manteve a mesma linha depois de sua morte, perdeu-se da filosofia e levou esse tempo todo para que hoje se retomasse aquele conhecimento, já num outro nível de maturidade científica. Por isso se diz que a evolução não se faz em círculos, e sim em espiral - estamos de volta ao Hipócrates, mas uma volta acima da espiral - ou duas, ou três, se considerarmos os estudos de Paracelso e de Hahnemann, o pai da Homeopatia. Assim como a permacultura, a saúde pela alimentação também não é inovação, é retomada, é retorno ao que esquecemos, ao que já houve um dia e foi deixado de lado pela sociedade em favor de outros interesses.
Eu ainda pretendo falar muito sobre isso, mas quem quiser ir pesquisando, além dos links sobre alimentação crua e viva que estão na página Links, preciosos links, eu ainda acompanho o trabalho de outras pessoas na promoção de saúde através da alimentação. Vou deixar os links para as páginas deles no facebook, aí quem quiser encontra os blogs, vídeos e páginas pessoais a partir da rede, ok?
Instituto do Alimento Vivo, da Fátima Alves - ela promoveu o SEMAV - Semana da Alimentação Viva, um congresso virtual, em maio desse ano. Foi quando eu me abri de verdade pra alimentação viva e crua e através das palestras do SEMAV que eu conheci o pessoal dessa lista.
Culinária Viva, da Juliana Malhardes, muitas dicas de como integrar a alimentação viva na realidade de correria e da família que estranha a mudança, receitinhas etc.
Rede Verde, da Anne-Sophie Bertrand, a ONG tem mais info de sustentabilidade, mas tem vídeos legais no youtube dela com dicas de como ser um crudivegano sem tempo nem dinheiro e com receitas :) Ela é linda demais, dá gosto de assistir!
Saúde Frugal, do Eduardo Corassa, ele divulga a dieta higienista hipolipídica, baseada em frutas, verduras e sementes sem qualquer tipo de preparo modificador de sua estrutura química, aliado a um cuidado com as combinações de alimentos, para minimizar a demanda energética da digestão.
Comida ecológica, do Daniel Francisco de Assis, ele também fala muito sobre a mudança de pensamento de que estamos falando aqui, além da dieta crudi, e tá planejando uma ecovila vegana crudívora boa demais pra ser verdade, rsrs
Belle Verte, do Leo Caputti e da Timi, com foco em como viver sem glúten e açúcar.
Alkaline Man, ou Daniel Rocha, é uma figuraça muito diligente na divulgação da mudança alimentar e da dieta crua alcalina, o face dele é bem legal de seguir e ele tem muitos vídeos que eu acompanho. A história dele é incrível, ele era obeso e a vida dele mudou totalmente com a mudança de alimentação.
A Amarantha Ribas, médica nutróloga mais linda do mundo, minha esperança na mudança de paradigma nutricional na medicina brasileira, junto do Dr. Alberto e provavelmente mais alguns que eu desconheço (tá crescendo!).
Vou repetir o Elias Pereira, que já está na página de links, porque muito do que eu faço hoje me foi apresentado por ele nos seminários online. Ele trabalha com pessoas gravemente doentes, melhorando a qualidade de vida e colecionando histórias de cura através da dieta.
Outro achado foi a Irene Bueno, espanhola divulgadora da alimentação viva. Esse é o compilado argumentativo mais legal que já vi, do porque ser vegana e crudívora - de autoria dela, está em vários sites espanhóis. Só não achei em português, mas dá pra contar com a nossa habilidade no portunhol pra entender tudo ;-)
Exemplo de dica quente do Elias. Abre pra ver!
O interessante é que o padrão é esse pessoal compartilhar a mesma história: viviam doentes por causa dos hábitos herdados da sociedade, e presenciaram em si mesmos a mudança e a saúde, e quiseram compartilhar essa notícia com o mundo, e estão fazendo disso sua missão e meio de vida. A outra coisa em comum é a vibração incrível das pessoas que se alimentam dessa forma. A nutrição crudivegana atua também em nível energético e abre o caminho para o amor, a alegria e a paz, são pessoas integradas na natureza, atentas ao bem de todos. É impressionante, e é prova de como somos uma unidade, e de que o que se faz no físico atua no emocional, no mental, totalmente em sinergia.
Lembrando os navegantes eventualmente desconfiados que não ganho nem um centavo com divulgação, tá? Essa gente nem sabe que eu existo, haha... porque sou mais uma de milhares de pessoas passando pela mesma ruptura e descoberta através deles. É uma rede do bem incrível! E fico com uma vontadinha de passar uma temporada no Rio de Janeiro, onde o alimento vivo é presentíssimo, onde começaram o Biochip e o Terrapia, dois projetos de extensão em universidades que há décadas promovem a sua divulgação (também peguei muitas dicas com ambos, vale o acesso!). No Rio também é onde está a maior parte dos disseminadores, onde tem vários restaurantes crudívoros :)
Terrapia e alegria de estar entre pessoas que vivem realidades próximas. Também querooo kkkk
Então era isso por enquanto sobre alimentação! Se tiver dúvidas do porquê escolher o crudiveganismo, eu sugiro o link da Irene acima. Não importa o caminho alimentar que vc resolva seguir, já que existem diversas vertentes e teorias sobre o que é benéfico para a saúde; importa é que seja uma escolha consciente, que se busque o conhecimento e que se decida, em vez de só ir com a galera, sem nunca questionar. Dói ter que mudar, mas depois da mudança, a gente olha pra trás e dá graças... fica tão feliz de não ter se entregue à apatia, tão feliz de estar vivendo tudo o que a vida pode ser de boa, de forma real e consciente :)
Bjs com carinho,

P.S.: Depois de muitos testes, vi que pra mim o alimento germinado e o excesso de fibras é bem indigesto, me causa um super inchaço, descobri que algumas pessoas tem essa dificuldade - nesses casos, o suco verde coado é muito bom, assim como vegetais e frutas menos fibrosos. Hoje sou ovolactovegetariana e tento equilibrar a alimentação crua com todo o mais de forma a me sentir bem da digestão, e compartilhando sem sofrência os momentos de confraternização que envolvem alimentos com as pessoas que amo. Tá muito bem assim :)

5 comentários:

  1. Olá Fernanda,parabéns pelo excelente texto! Gratidão por compartilhar sua jornada! Beijos,Amarantha :)

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    1. Querida Amarantha! Obrigada por ser tanta inspiração e guia no nosso caminho, meu e dos que escolhem a alimentação crua! Sei o quanto pode ser solitário e pontuado de preconceito um caminho inovador quando os nossos colegas ainda estão fechados no antigo paradigma, por isso admiro ainda mais o seu trabalho! Bjs!

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  2. Parabéns pelo texto excelente! Ganhaste uma nova leitora. Beijos.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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