segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Retrô 2016 nos caminhos de dentro

Oi queridos!
Na véspera de Natal eu estava arrumando a mochila pra uma semaninha na companhia da family e quando vi tava viajando longe, pensando no ano incrível que foi 2016. É engraçado pq, naquele foco por resultados, tinha tudo pra eu achar que o ano foi o maior fail: no direcionamento político, econômico, social, muiiiitos desapontamentos e o meu entendimento de que estamos indo pra longe daquilo que me parece o bem de todos, e em vez disso estamos indo de arrasto na direção de mais privilégios para os já privilegiados. Na minha vida pessoal, como já contei na minha choradinha de pitangas nesse post, não foi esse ano que rolou a almejada ida pro interior. E o suficiente de ocorrências bizarras e tristes pelo mundo a ponto de 2016 ter virado piada nas redes sociais.
Massss, apesar de tudo isso do lado de fora, sim, foi uma ano incrível pra mim, de crescimento profundo por dentro, de sedimentação e refinamento de muita coisa que começou a surgir ali por 2013, foi tomando forma em 2014, criando corpo em 2015 - é impressionante, eu sinto que o entendimento de mundo que eu tenho hoje foi um desenvolvimento muito, muito recente - 2013 eu tava já com 29 anos -, de quando a minha vida pessoal foi ficando menos cheia de drama e começou a me sobrar energia pra ler, refletir, trocar ideia com pessoas que me acrescentavam, meu olhar foi além do âmbito das minhas relações mais próximas. Nesses anos, muita coisa foi construída sobre a base do que me veio como herança familiar e da minha natureza inata, tanto em termos de espiritualidade quanto de posicionamento como cidadã - e esses dois aspectos foram se relacionando e se complementam como uma espiral em dupla hélice (DNA feelings hehe): meu entendimento sobre espiritualidade ganha mais umas nuances, e isso me ajuda a definir o meu comportamento como cidadã; a sociedade me impõe mais um e outro desafio, e assim se torna um treinamento pro meu entendimento e vivência de espiritualidade e me ajuda a refinar o meu entendimento de como a vida funciona.
Eu tive a internet como grannnnde aliada na minha sede infinita de pensar a vida nesses anos, e sou grata pra caramba por isso - sempre que alguém vem dar aquela chineleada na era virtual (pessoas não se encontram mais, gastam tempo só vendo bobagens blablabla), lá vou eu defender e lembrar que toda ferramenta pode ser usada pra coisas mais ou menos úteis, e pra mim a internet foi o canal pra muito do que me interessa na vida - me deu conhecimento, contato com pessoas afins e a informação dos eventos do meu interesse. Sempre cabe o adendo: não ter TV em casa é uma bênção e eu recomendo pra todo mundo! Vc vai ler mais, escutar mais música, ver menos coisa triste desnecessária e notícia tendenciosa conforme a grande mídia quer que vc veja.
Olha o review de 2016, se não tá é bem bom - alguns momentos lindos de aprendizado em espiritualidade que eu vivi esse ano:
- vivências de biodanza, em especial uma maravilhosa com o Mauro Rotenberg, focada no legado do Rubem Alves, na Frater em Porto Alegre/RS;
- palestras introdutórias de Conscienciologia, em Porto Alegre;
- retiros e oficinas aprendendo sobre xamanismo, sagrado feminino e o Sincronário da Paz, em Canela/RS e Porto Alegre;
- aulas da SRF, um mundo que se abriu a partir da leitura da Autobiografia de um Yogue, do mestre querido Yogananda;
- psicoterapia com regressões que me mostraram coisas muito interessantes, em Porto Alegre;
- vivências interessantíssimas de constelação familiar, como participante e constelando, em Porto Alegre;
- retiro de 21 dias em São Lourenço/MG, que relatei aqui, e meu primeiro contato mais próximo com a Fraternidade Branca;
- retiro urbano com Marco Schultz e Roberto Crema, em Porto Alegre;
- todas as aulas do meu curso de pós-graduação em saúde e espiritualidade, em Porto Alegre;
- satsang com o Prem Baba, em Porto Alegre, e tudo o que tenho aprendido com ele nos livros, textos e vídeos;
- encontro com o Rogério no Jardim das Esculturas e ouvi-lo contar da sua história de agricultor a mestre em artes marciais, yogui e escultor por vias completamente intuitivas, no interior de Santa Maria/RS;
- jornada sobre cuidados paliativos na prática em saúde, na Santa Casa em Porto Alegre;
- retiro Sorrindo para os Obstáculos no CEBB Caminho do Meio, em Viamão/RS, depois de meses tendo um primeiro contato mais próximo com as ideias budistas através das postagens do Gustavo Gitti;
- psicoterapia com um super foco em busca de propósito, em Porto Alegre, algo que eu não procurei ativamente e que chegou pra mim totalmente como um #ficaadica do universo, através de uma orientação no centro espírita que é meu reabastecimento energético semanal.
E os cursos que me propiciaram aprendizados mais práticos e que me mudaram nos hábitos e no meu posicionamento como cidadã:
- um workshop chamado Faz-me Rir, sobre gestão financeira para pessoas que estão buscando um caminho autônomo, com ideias muito legais de economia colaborativa e alternativas pra viabilidade material fora do esquema do mundo cão tudo pela grana, em Porto Alegre;
- só na minha ONG do coração, a DATERRA, foram curso de produtos de limpeza caseiros, de agrofloresta, de cultivo de cogumelo shiitake, em Estância Velha/RS.
- todos os cursos presenciais e virtuais que mudaram minha alimentação - o mais recente, de doces crudiveganos, pela querida Lis, em Porto Alegre.
- e um infinito de leituras que me mantiveram no caminho de me tornar uma consumidora de alimentos orgânicos em feiras, consumidora de produtos locais e artesanais, cliente de brechós, interessada e iniciante nas artes do plantio, adepta de políticas afirmativas que buscam corrigir desigualdades históricas, buscadora de práticas de sustentabilidade, guardiã de minhoquinhas na composteira, pessoa com intenções de ter bem mais autossuficiência em subsistência do que consigo hoje, participante de financiamentos coletivos, tagarela pró-minorias, turista de experiência e não de resort, colaboradora de ONGs que fazem um trabalho importante de amor e empoderamento de pessoas em situação de fragilidade social, servidora pública apaixonada pelo atendimento e pela ideia de uma previdência pública e do trabalhador, utilizadora e manufatureira dos meus produtos de higiene e limpeza, cozinheira das minhas comidinhas naturebas, blogueira por amor e por aí vai.
A minha vontade era (ops, ainda é), escrever sobre cada uma dessas experiências, já que eu sou CDF e faço anotações em palestras kkkk, é meu jeito de reter as informações importantes e ruminar até que virem insights pra mim. Não vou perder a fé de conseguir escrever mais frequentemente aqui, hehe, e já que esses aprendizados são atemporais, uma hora ou outra vão aparecer post com matutações derivadas desses momentos de 2016.
"Nós temos conversado... e achamos que tá na hora de vc atualizar seu blog!"
Mas voltando pra relação entre espiritualidade e atuação: depois de um período, em 2015, de muitas mudanças objetivas nos meus hábitos, nesse ano de 2016 ficou bem claro pra mim que as mudanças práticas precisam ser sustentadas por uma prática de espiritualidade que dê propósito ao que se faz, que nos permita viver felizes com a nossa rotina, e não com a sensação de aquilo ser um fardo - escrevi sobre esse caminho aqui. E isso definiu algo que passou algum tempo como item na agenda, e que agora nessa semana de férias aconteceu: uma reformulação das páginas iniciais do blog, pra refletir o que já tem acontecido nas postagens - em vez de o foco principal ser mudanças externas, de hábitos (o que era minha intenção quando comecei o blog, naquela vibe de 2015), hoje eu sei que o que realmente me motiva pra escrever, o que sustenta tudo o que a gente manifesta do lado de fora é o que se leva dentro. Eu falava esses dias com um amigo que o que sustenta a nossa resistência e as nossas lutas é o que a gente cultiva dentro, senão uma hora a força pra agir acaba, como seca uma planta sem raiz - pq olha... o mundinho hoje sabe ser desestimulante pros idealistas. Não dá pra o nosso referencial ser o lado de fora de nós.
Sobre aquilo que eu falei antes, de os meus posicionamentos práticos viverem em complementaridade com a minha prática de espiritualidade, dou um exemplo: há várias formas de se ser feminista. Pra mim, a forma de manifestar o desejo de igualdade entre pessoas de todo gênero foi completamente inspirada no meu entendimento do amor como a lei maior do Universo, na noção de princípios feminino e masculino que o xamanismo me deu, na desidentificação com o corpo de dor feminino de que o Eckart Tolle falou tão bem no livro O Poder do Agora. Eu me manifesto com frequência sobre esse assunto, honro toda a luta pra chegarmos até aqui e sei que faço a minha parte pra manifestar igualdade no que deve ser igualitário - mas a paz que a espiritualidade me dá, de me ampliar a visão sobre os processos que acontecem na matrix, me protege de muito da raiva que o histórico de machismo causa em muitas das pessoas que se posicionam pelo feminismo (raiva justificada, mas nociva e acho que pouco produtiva). Sei do mal que a raiva traz pra dentro de nós, das impressões que as falas raivosas causam nas pessoas, e não quero isso pra mim nem quero passar essa impressão quando falo do feminismo. Sinto que tudo funciona bem melhor quando o dentro e fora andam juntos.
Então é isso... muita gratidão a 2016 e vamos ver se o blog começa 2017 com as páginas iniciais atualizadas conforme o que ele é hoje :-)
Bjs a todos, alegrias e muito amor no novo ciclo!

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