terça-feira, 24 de maio de 2016

A mágica do presente

Oi queridos :)
Estou aqui, depois de uma semana de volta em casa, sentando pra escrever sobre a oportunidade incrível de autoconhecimento que tive nesse mês (update: levei algumas semanas para escrever esse post hehe...).
Passei 21 dias de abril num retiro, sem contato nenhum com notícias, internet, telefone, família, nada. Foi bem interessante a sensação de náufrago retornando pra civilização quando saí, tinha acontecido até votação de impeachment na Câmara, várias mudanças no trabalho, aquele clima de apocalipse na vida política do Brasil - e eu... pensando em quanta realidade eu vivi naqueles dias isolada! Nem que quisesse eu conseguiria me conectar com a loucura imperante na tal conjuntura de crise. Não mesmo. Não tem nada mais real que a nossa essência, e nada que aconteça no teatro do sistema é capaz de afetar o que realmente existe, o que somos. O resto é impermanência de qualquer forma...
Não havia cronograma de atividades para estes 21 dias, apenas uma tarefa: estar presente. Tão simples, e tão raro de vivenciarmos na nossa rotina regular. Já de chegada, todos tinham uma aula sobre essa voz na nossa cabeça (que nós identificamos como "nós mesmos"): esse é o ego, a nossa criança mimada particular. Porque nós... nós somos bem mais que a voz que pensa, a nossa identidade verdadeira está bem mais no fundo de nós, e já foi chamada de infinitos nomes - essência divina, alma, espírito, Eu maior. Só que a matéria é muito boa em nos fazer esquecer desse eu profundo e perfeito que somos e em nos fazer acreditar que somos o corpo e a mente que pensa. O ego gosta de mandar em nós e ele consegue mandar, porque faz a gente pensar que ele é a gente. Então ele diz: quero aquilo lá! E nós corremos para conseguir aquilo. No momento que conseguimos, logo ele se aborrece e acha outra coisa pra querer - agora eu quero aquele outro! E lá vamos nós correndo, achando sempre que nossa felicidade vai estar no próximo alvo. O problema é que nunca vai estar. A felicidade é um estado de ser, não está em nenhuma circunstância externa. E esse estado de ser só é conseguido vivendo o que realmente existe: o agora.
O ego vive remoendo passado, seja em alegria saudosista ou ressentimentos, e projetando futuro, seja pra sentir prazer com a perspectiva de felicidade mais adiante ou pra morrer de preocupação e ansiedade e tentativa de controle do que ainda não chegou. Quando nos identificamos com o ego obcecado no passado e no futuro, mal prestamos atenção na vida preciosa que está dentro e fora de nós nesse momento único da vida: esse segundo que está passando. A nossa mente em funcionamento normal, prática e realizadora, não é capaz de captar a magia da vida. Ela está muito preocupada em fazer, não consegue apenas Ser com tudo o mais que É no universo, e estabelecer uma conexão com o Todo dessa forma. A mente pode até ver uma flor, mas a beleza real dela passa batido; ela é percebida como um fato, até a noção de que ela é bonita, se vem da mente, é uma percepção plana, sem profundidade. Só estando conscientes do momento presente é que conseguimos efetivamente viver a beleza plena e a manifestação inteligente que envolve aquele serzinho.
Só se consegue entrar nesse estado de presença praticando a arte do destronamento do ego. A melhor metáfora para entender o funcionamento dele é a da criança mimada, que definitivamente precisa sair da nossa garupa, onde ela acha que nos governa, para ir para o cercadinho a uma distância segura de nós - e lá, a gente vai conseguir percebê-lo como uma entidade separada do nosso Eu real, e quando ele choraminga por algo, podemos conversar com ele com amor, mas dando limites, que toda criança precisa. Diante dos pensamentos, a arte é observá-los - ao fazer isso, reconhecemos a entidade que pensa, e entramos no papel do observador. O observador olha de longe para os pensamentos e não se identifica com eles, e o que acontece quando a gente faz isso é mágica. O pensamento perde força. A identificação com o ego é essencial para que os pensamentos nos dominem.
Aquela cara de ego!
Exemplo: "aiai que saco que é segunda-feira, uma semana toda pela frente, não aguento mais" vira "hm, meu ego está incomodado que é segunda-feira. Mas por que isso, eguinho querido, se segunda-feira é só uma abstração da sociedade pra mais um ciclo de luz do sol passando a Terra? Se é o trabalho que tá ruim, vamos pensar o que podemos fazer pra mudar, mas até lá reconheça que o que existe no nosso presente é esse trabalho, e choramingar não vai mudar a realidade. Aceita o trabalho como ele é, que até é capaz de você achar que não é tão mau assim".
Existem muitas estratégias para lidar com o ego: ao ver que estamos começando a nos incomodar com as coisas, por menores que sejam essas incomodações, fazer um exercício de trocar as reclamações por gratidão. Enumerar mentalmente ou por escrito tudo o que há de bom na nossa vida nos joga automaticamente pra uma vibração super elevada, que é essencial pra entrar no presente. Dá pra isar qualquer coisa que nunca se parou pra pensar, porque se achou que sempre esteve ali e que sempre vai estar - até coisas esdrúxulas, e assim se aproveita pra dar umas risadas consigo mesmo, porque alegria também nos conecta com o presente: "que bommmm que eu tenho pelos dentro do nariz pros mosquitinhos não irem parar reto no meu pulmão!!"
Abandone o hábito da social de elevador que, se parar pra reparar, é sempre reclamatória. Se for pra dizer "que frio", "que calor", "e essa chuva", "que bagunça a cidade fica antes do Natal né", não diga. O planeta também tem um ego, que fica bem feliz com esse tipo de interação reclamona; todas as pessoas ficam confortáveis pois trocaram palavras, a social foi feita. O ego planetário é o sistema, a matrix, essa que nos empurra pras reclamações da mesma forma que nos empurra pras necessidades artificiais. Não compactue! Sorria, deseje apenas um bom dia, pergunte se está tudo bem. Criar responsabilidade pelas nossas palavras é muito necessário, tudo o que sair da nossa boca (e também o que pensamos) tem consequências vibratórias, é o que estamos dando às pessoas e ao planeta. Felicidade vibra rápido, leve e em alta frequência; reclamação vibra baixo, denso e em baixa frequência. Precisamos doar alegria e amor se quisermos receber alegria e amor, é fato da realidade física.
Outra estratégia é reparar na respiração. Quando estamos aflitos, na maior identificação com o ego num momento sofredor, nosso peito fica oprimido e não respiramos direito. Reparar na respiração e corrigi-la, perceber o corpo e suas tensões nos conecta com o presente e nos tira da emoção pesada. É muito bom ficar o tempo que se conseguir apenas acompanhando o fluxo da respiração, vivenciando a realidade do corpo que funciona tão majestosamente - e se aparecer alguma onda mental pra interromper o momento de observação, siga à distância, olhe de longe e classifique o pensamento. A essência, o Eu superior, manifestação da mesma inteligência que dá vida à florzinha de que falei lá em cima, esse não sofre, não julga, não planeja, não se apega - ele apenas É, manifestando a perfeição da existência. Ele percebe sem reagir de forma impensada. Ele olha para o pensamento que surgir e simplesmente o classifica: "esse é um pensamento revivendo o passado". "Essa é uma tentativa de controle". "Esse é um julgamento bobo". E se estiver difícil de se dissociar da emoção que veio com o pensamento, manda ver na lista de gratidões infinitas. Ajuda muito a subir a vibração! Mas só tomar consciência das emoções densas, com distanciamento, já tira a força daquele sofrimento.
Outras orientações que recebemos nesse primeiro dia de retiro: quando precisar, peça. Nenhum ser de outros planos pode interferir positivamente na nossa vida se não pedirmos, se não dermos autorização, então se tem qualquer força maior em que você acredita, não fique achando que ela conhece sua realidade e pode sair interferindo sempre que achar que as coisas não estão tão bem assim pro seu lado. Temos a liberdade de irmos pelos caminhos do sofrimento se quisermos, sem interferência... então, se quiser ajuda, peça, dê autorização para que eles atuem.
Mais uma: cultivar o silêncio. Passei esses 21 dias no maior silêncio da minha vida, externo e interno. Isso cria com muito mais facilidade espaços de vivência do presente. A introspecção nos conecta com a nossa essência, nos faz realmente vivenciar o que somos de fato. É muito, muito interessante assistir o ego dando chilique e perceber que é só isso, o ego incomodado, e não o nosso Eu real incomodado. Reconhecer que não somos as sensações do nosso corpo, nem as nossas emoções nem os nossos desejos e pensamentos. Dá um outro nível de resiliência, de noção de força interior.
Como vocês podem ver, nada de muito novo nessas estratégias - silêncio, prece, vigiar os pensamentos, não julgar, ser grato... quem já não leu muitas vezes tudo isso? A questão toda é vivenciar. E lá foi um espaço de prática intensiva de tudo isso. Só a prática leva à vivência, e só a vivência que é transformadora. A gente passa tendo contato com as coisas no nível da mente - lemos no livrinho, ouvimos no vídeo, acatamos racionalmente, e não praticamos. Aí não sentimos o quanto aquela prática simples pode mudar a vida. O negócio realmente é trocar a intelectualização das informações pela vivência.
Tem um livro que nos é sugerido lá que se chama O Poder do Agora, do Eckart Tolle. Foi escrito logo depois da virada no milênio e é super best seller, inclusive se acha fácil pdf na net. Ele explica com detalhes como entrar no agora e sair do sofrimento, é FABULOSO. É a base dessas instruções que recebemos no primeiro dia do retiro. Eu sugiro esse e as Sete Leis Espirituais do Sucesso logo depois, do Deepak Chopra. Eu fiz um resumo dos dois livros, estão nos links aí nos nominhos dos livros.
Quando se reconhece a impermanência do que está fora, a gente percebe que o principal que podemos fazer pelo planeta é sermos nós muito felizes na essência, conscientes e pacíficos, e emanar essa vibração às pessoas na nossa volta, ajudando assim no despertar delas também. Essa felicidade e essa paz, modificadoras da realidade, estão na frequência do presente. É simples, e funciona.
Eu queria muito compartilhar essa experiência aqui pois é o que realmente é transformador. Quando se vivencia essa vibração de amor e paz superiores, coisas mágicas acontecem, a gente realmente entra num estado de graça, de êxtase com o universo e sua lindeza, de cocriação  de realidade e sincronicidades sem fim, tudo conspira a nosso favor e a gente nem se sente mais tão presa das nossas necessidades básicas e até fisiológicas. Tem pessoas que usam esse estado pra não precisar comer tudo o que comemos normalmente, tem pessoas que passam a dormir menos, pessoas que conseguem controlar a dor e se curarem de problemas físicos, pessoas que passam a ter tanta certeza da abundância do universo que não mais passam necessidade financeira. Assim é!
Esse texto é muito, muito lindo e explica bem esse nível de consciência superior que treinamos para alcançar no retiro. Para quem já ouviu falar nele como Processo de 21 dias e me perguntou como é, escrevi aqui com maiores detalhes sobre a parte prática da cura física, emocional e mental que se processa. Esse formato foi divulgado no início dos anos 90 por uma australiana chamada Jasmuheen, em um livro chamado Viver de Luz. A questão alimentar do retiro causa uma certa estranheza nas pessoas, e eu busquei nesse post não focar nisso, pois a forma é só um meio para exercitar essas simplicidades transformadoras da vida que eu comentei aí em cima. A gente ainda tem esse hábito de se apegar mais na forma que no conteúdo, né, mas estamos na caminhada hehe! Quem sentir interesse por mais detalhe ainda sobre a parte prática por estar pensando em fazer, quiser o contato do lugar onde fiz, quiser trocar ideia a respeito, estou super à disposição! Só mandar um email ou mandar um oi no facebook.
Com desejos de cada vez mais despertar no nosso planeta lindo, cada vez mais responsabilidade pelas escolhas, cada vez mais paz e amor reais, eu abraço bem apertado cada um!
Bjs

2 comentários:

  1. Eu tinha curiosidade deste processo desde 2014, quando estava virando vegano.
    Ainda não pude vive-lo na prática, mas agradeço de coração por compartilhar sua experiência.
    Espero um dia faze-lo também.
    E parabéns pela organização das ideias, principalmente dos links que descrevem cada etapa.

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    1. Oi querido! Que bom que gostou :) eu escrevi tanto lá... teria mais uns 2 posts de vivências e aprendizados pra compartilhar, mas a monografia da pós tá precisando de atenção kkk! Com o tempo vou escrevendo uma ou outra coisa mais. :)

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